Este blog é direcionado às aulas de Português da professora Veridiana, contendo textos realizados durante o ano de 2011.

sábado, 12 de novembro de 2011

Refém do Tempo



Nos dias de hoje as coisas se baseiam no ter e não no ser, não importa os valores e as virtudes, o que importa são os números que rodeiam a conta bancária. O certo seria prezar a boa música, as reuniões em família, as amizades verdadeiras, as festas de fim de ano, o estudo conquistado com suor e as mordomias que a vida proporciona, mas tudo isso só acontecia no passado, e infelizmente, passado esse já distante. Com analogias feitas entre passado e presente nada é mais comum do que querer voltar no tempo, sentir que essa geração já não lhe pertence mais, mesmo que tenha nascido nela, ainda restam ensinamentos passados que lhe tornam diferentes dos seres não pensantes que hoje formam essa nova sociedade.  No tempo dos nossos avôs não existiam telefones celulares, garrafas pet e nem isopor, quando a vida não era mais fácil, porém melhor aproveitada. A sociedade de hoje vive a base de roupas de marca, eletrônicos de última geração, de amizades virtuais, de lanches rápidos para não se sentar a mesa e manter um diálogo com a família, onde um simples “como foi seu dia?” parece arrancar pedaços.                                                                                                                                                
A magia acabou. O relógio corre rápido demais, e o tempo para fazer coisas simples é deixado de lado.  Alimentamos pensamentos utópicos, mas o tempo das brincadeiras do fim da tarde parece não existir mais, as vinte e quatro horas do dia continuam as mesmas, porém as prioridades são outras. A geração do trabalho massacrante, de viver para trabalhar, tudo isso para sustentar vícios infindáveis, para não fugir do padrão que a sociedade idealiza. Sociedade individualizadora, que cultiva ao material, consome exacerbadamente e discrimina por classes sociais, a maioria continua exaltando o luxo e a propriedade privada, uns com muito, outros com tão pouco, o capitalismo mais uma vez desequilibrando cadeias populacionais, mostrando a deficiência do governo e a falta de capacidade crítica do povo para mudar isso.           Mudanças radicais ocorrem de uma década para outra, o homem moderno é racional e impaciente, tem como objetivo ser melhor do que os outros, em um mundo onde a troca de informações é rápida e facilitada a busca pelo novo se torne algo constante. Tudo é imediato, o homem age sem pensar, para que tempo esse de pensar não seja desperdiçado. Somos reféns do tempo. Sem senso crítico fundamental para a vida, deixamos futilidades tomarem conta do que precisa ser preenchido por bons e puros sentimentos. A mídia exerce grandes influências e não podemos nos deixar levar, pois luxo e poder não são nada perto de amor e sinceridade. Essa escolha entre o material e o sentimental muitas vezes traz sérios prejuízos à população, que por escolher sentimentos rápidos e fáceis não sabe lidar com coisas maiores. A mente fica fragilizada e o mar de escolhas se fecha a nossa frente.                                     
Devemos buscar a felicidade em coisas simples, que não podem ser produzidas por máquinas, industrializadas e exportadas em grandes remessas.  A geração de hoje não se pode deixar levar, esquecem que caixão não tem gaveta e que dessa passagem a única bagagem levada é a aprendizagem, bagagem essa que não é carregada em bolsas da Dolce e Gabbana, bagagem que não pode ser descartada. Parem pra pensar, os conselhos de pais, e avós sempre tem bons fundamentos, que nunca perdem a validade e que são facilmente utilizados em qualquer situação. Há algo que move à todos com a mesma força vital, a busca da felicidade e a realização pessoal. Temos que ter em mente que é uma dádiva estar vivo, de que os caminhos são lindos, e é necessário caminhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário